Debruçada na sacada de seu apartamento de 100 mt2 no coração dos Jardins, em São Paulo e admirando a linda vista, Liz ainda não acreditava em tudo que aconteceu nestes últimos meses. De março para cá, a sua vida tinha mudado da água para o vinho e a possibilidade de um dos piores acontecimentos dos últimos tempos ter melhorado tanto a vida dela, ainda era impalpável.

- Amor. Tudo bem por aí? Vem tomar café, já está tudo na mesa. Disse uma voz masculina vinda lá de dentro e despertada dos seus pensamentos, entrou, o abraçou e faminta, sentou-se para tomar um lindo café da manhã.

- O que estava pensando lá fora? E pegou na mão dela com um olhar apaixonado.

- Tom, você sabe, que quando eu lhe encontrei a primeira vez eu estava numa pior, foi o dia que eu quase virei prostituta. Além do espanto de ter visto o reflexo dos meus olhos nos seus e eles estarem vermelhos, tive muita sorte, hoje, já sei que não foi bem sorte, mas, de encontrar um “amigo” que não me permitiu entrar naquela vida...

 E Tom disse:

- Você sempre soube, ou sentiu, lá no fundo da sua alma que você estava aqui por um propósito, você só não sabia o qual e eu não podia chegar e te contar, turrona como você é, você jamais acreditaria. E sorrindo, serviu um pãozinho a ela com muita manteiga do jeito que ela gostava.

- Ainda tenho dificuldade em aceitar isso. Ela disse em uma mistura de orgulho de si e ao mesmo tempo de vergonha. Se lembrando da morte de sua mãe, a qual não pode fazer nada.

Ele percebendo o motivo daquele olhar cabisbaixo, disse:

- Você não poderia fazer nada para ajudar a sua mãe, era o destino dela , por ela e por você, apesar do sofrimento parecer uma coisa ruim, ele traz o desenvolvimento pessoal necessário para que as pessoas possam enfrentar os problemas e você, mais do que qualquer uma, precisava dessa força.

Ela deu um sorriso de lado de disse: Eu não sei ainda como fiz tudo aquilo, agradeço por você ter estado sempre ao meu lado.

- Nem sempre foi bem assim, você fez muita coisa sem a minha ajuda. Eu estive muito ocupado, desde o começo. Como você sabe, estive em muitos lugares, desde a China, passando por alguns países da Europa, EUA e agora no Brasil, minha missão apenas começou, como a sua também, mas depois de todos estes meses de tantas lutas, achei por bem, tirarmos um tempinho para nós.

E Liz começou a afagar os cabelos do seu protetor e começou a relembrar de tudo que havia acontecido nesses últimos meses:

- Quando Raquel nos contou o conteúdo dos relatórios do seu professor Win, a primeira coisa que havíamos resolvido fazer era botar a boca no trombone, principalmente eu, achando que além de estarmos fazendo justiça, ainda seria o meu furo de reportagem, aquele que mudaria a minha vida, até eu virar para o lado e ver você, com esse lindo sorriso, parado bem na minha porta. Não posso negar, que dentro do meu íntimo havia ficado feliz em te ver, mas acho que o medo e o susto foram maiores. Você poderia começar a bater na porta dos outros, você não acha? E deu uma risadinha de canto de boca.

- E qual seria a graça se eu batesse na porta? Gosto de grandes aparições. E acenou, abrindo os dois braços.

E Liz continuou:

- Você me disse aquele dia que nós não poderíamos contar a ninguém o que tínhamos descoberto, pois ou iriam nos encontrar e matar, começando por Raquel, que ainda estava lá na China, ou criaríamos uma enorme guerra entre os países, desencadeando na terceira guerra mundial, que se ocorre em meio a essa pandemia, poderia ser que o mundo como conhecemos fosse totalmente eliminado. Eu me lembro que fiquei tão confusa na hora... Não sabia se você era mocinho ou bandido, se estava do lado “deles”, se realmente estava do “nosso lado”, mas pelo jeito que me olhava e aparecia para mim, resolvi acreditar, alguma coisa, me fez acreditar em você.

- Ainda bem. Pois talvez a esta hora, se você não tivesse acreditado, grande parte da população mundial talvez nem existisse mais, e o coronavírus, seria o menor de nossos males.

- Eu lembro que pedi a todos, sigilo sobre as informações por um tempo, que eu estava quase concluindo uma outra busca que estava fazendo e assim poderíamos ligar todos os pontos.

-É. Você é boa em enrolar os outros quando quer. Disse ele dando uma piscadinha.

- Não fale assim. Eu realmente tinha algo muito importante para ser resolvido e esse negócio importante era você e você sabe disso. E não foi tão fácil, ninguém queria concordar em esperar, principalmente o Charlie, mas hoje já sabemos o porquê, e eu achando que ele era um grande amigo.

-  Não tinha como você saber. Na verdade, nem ele sabe muito bem o que está fazendo, eu acho. Eu só lembro como você me encheu de perguntas. Não aguentava mais, foi pior que na época da inquisição. Aff.

- Ahh, tenho certeza que não, pois as minhas armas são muito diferentes. E umedecendo as pontas dos dedos na língua, os passou nos lábios dele, o deixando arrepiado.

- Tá bom. Mas aquele dia, você não veio com estes tipos de “armas”, inclusive, isso demorou bastante. Aquele dia, se tivesse perto de você, você me atiraria uma faca. Falou ele brincando.

- E eu tinha uma faca. Respondeu ela séria.

-E por que não atirou? Perguntou ele, agora sério.

- Naquele dia eu me perguntava a mesma coisa, hoje eu sei o porquê. E dando um sorrisinho continuou:

- A Raissa havia contado também para a gente naqueles dias, que tinha conseguido salvar a vida de uma senhora vizinha dela, a rapidez a qual ela agiu, conseguiu diminuir em pelo menos um a estatística de morte por coronavírus e saber que ela estava bem a fazia trasbordar de felicidade. O único problema é que estava muito difícil viver em Beirute, que as coisas básicas já estavam faltando, que a quarentena imposta era muito rígida, que ela que já não podia sair antes e que à época estava com dificuldade ainda maior, todos os voos estavam suspensos e nem com ajuda de amigos desta vez, daria para pensar em sair de lá. Foi um momento caótico. Você se lembra?

- Claro que eu lembro, como eu poderia esquecer? Foi o começo da série de acontecimentos que quase me levaram a te perder. E ficou com a expressão séria.

- E foi o momento que eu tive certeza que você já a conhecia e que você não era um fantasma e aparecia só para mim. E caiu na risada.

- Não sei o que você está achando engraçado.

- Desculpe. É que tive momentos que achei que estava ficando louca. E quando eu soube que outras pessoas te viram, falaram com você, foi um alívio para mim.

- Você conseguiu direitinho sumir com todos aqueles documentos. Até hoje não sei como fez tendo a Karine e J.D. no grupo. Disse ela ajeitando os próprios cabelos.

- Contratei o melhor. E tinha que fazer. Foi para o bem de todos. Disse ele sem estender muito o assunto.

- Hoje eu sei que foi, mas na época eu tinha lá as minhas dúvidas. E os outros demoraram um tempo para pararem de desconfiar de mim, só pararam quando eles viram que eu não poderia estar em todos os lugares ao mesmo tempo e que eu não tenho jeito de espiã que possui uma rede de comunicação mundial.

- Como quando você me levou para Minnesota em 25 de Maio. Você me disse que íamos encontrar com Thony, Mike e Karine e de repente paramos em uma rua e você me disse para eu ficar com meu celular apontado para uma cena que estava acontecendo naquele momento.

- “ I can’t breath”, eu não podia respirar, eu só podia ouvir aquele homem negro falar aquilo, acho que ele falou umas vinte vezes até desmaiar. E eu pedindo para aquele policial parar e com raiva de você por não me deixar ir até lá e nem você.

- Como eu te disse desde o início, o meu papel é interferir, para que a consciência humana possa mudar, mas não posso mudar tudo e salvar todos e nem você, há coisas que precisam acontecer para que haja o surgimento, a criação de uma nova consciência e a morte de George Floyd, como outras que aconteceram e acontecerão, não serão em vão. Se você fosse perto, levaria um tiro. Negra, estrangeira e de olhos vermelhos. Para eles, você seria uma verdadeira aberração.

- Sim. Eu sei. Eu não tive controle sobre mim. E não sei o quanto eu tenho ainda. É que eu sou humana e sendo negra, parecia que eu estava parando de respirar junto com ele. Ver, aquele homem, negro, com pouco mais de 40 anos, ser sufocado por um policial branco, ajoelhando sobre seu pescoço por mais de 8 minutos, suplicando para respirar foi uma das cenas mais horríveis que eu havia presenciado de tão perto até então. E continuou, após um longo suspiro:

- Mas posso compreender o que você diz, como é preciso que algumas coisas ocorram para a consciência humana mudar, em apoio ao movimento “ Black Lives Matter”, iniciou-se uma onda de protestos começando em Minnesota e que se espalhou por mais de 2000 cidades em mais de 60 países diferentes, estima-se que no dia 03 de julho, participaram  entre 15 e 26 milhões de pessoas nos protestos nos EUA, o que se tornou um dos maiores protestos na história do país mesmo em meio a pandemia do novo coronavírus. Isso culminou em uma série de projetos de lei a nível municipal, estadual e federal, com o objetivo de combater a má conduta da polícia, o racismo institucional e a imunidade qualificada. Parece que os EUA está mudando e com ele, muitos outros lugares do mundo também.

- E estar no meio daqueles protestos, junto com Mike, Thony e Karine, me trouxe mais vontade de continuar a luta por estas injustiças e mostrar cada vez mais que ser humano tem que começar a realmente ser sinônimo de coisas boas e que as mudanças só ocorrem se a gente se juntar e exigir.

- E aquelas imagens que eu falei para você gravar te deram o furo de reportagem que você precisava para recomeçar não?

-Sim, sou muito grata a você. Foi o meu recomeço. Espero que mais que um recomeço para mim, seja um recomeço para a família de Floyd e para todos aqueles que são humilhados diariamente e que as pessoas comecem a perceber que somos todos iguais em meio as nossas diferenças.

- E eu te deixei lá e você ficou sozinha com eles, apresentando para o mundo tudo que estava acontecendo na região e tendo a ponte com a Raquel na China, J.D. no Brasil e Raissa em Beirute, você conseguia mostrar sempre como esses lugares estavam reagindo com relação ao vírus, aos protestos, a política, não é atoa que o seu canal na internet estourou. Eu não fiz muito, foi só um empurrão. É isso que eu faço.

-É, mas com a Raissa, foi diferente. Liz disse séria.

- Sim. Foi mais um puxão na verdade. Disse sorrindo, mas logo voltou a ficar sério e continuou: - A salvei daquele buraco que a colocaram porque ela é uma peça muito importante para o resgate de seu país, mesmo que ela não saiba disso ainda, só que infelizmente quando nós “interferimos” na ordem natural das coisas, as vezes, acontecem consequências que nem sempre consigo calcular, pois uma peça alterada, muda por muitas vezes completamente o jogo. Eu chamo isso de efeitos colaterais. E continuou:

- E quando ela estava em uma situação difícil lá no Líbano eu tinha que ajudá-la, conseguir um lugar melhor para ela ficar e conseguir colocar alguém para a ajudar e aí que o Joshua entrou. Eles já se gostavam mesmo, eu só mexi alguns pauzinhos.

- Sim. Ela precisaria ter um apoio mesmo, ainda mais depois de tudo que iria acontecer. Liz disse um pouco cabisbaixa.

- Mais isso eu não sabia. Eu não sabia nem que haveria explosão. Esses são os efeitos colaterais que eu digo. Que são imprevisíveis.

Raissa no fim de julho estava morando em um apartamento ajeitadinho no centro de Beirute, ela havia se mudado, após muita insistência de Joshua, que por meio do seu pai, tinha conseguido um lugar melhor para ela e seu pai ficarem. Ela não teria problemas lá, pois era um prédio que morava só quatro famílias, onde as três eram inquilinas de seu pai e jamais falariam alguma coisa para alguém quanto a quem estava morando no outro apartamento, era só ele pedir.

E além do quê, Joshua, poderia ir visitá-la mais vezes. Levar coisas para eles, lá tinha telefone e a internet funcionava super bem, então Raissa, que sempre gostou do jeito que Joshua a tratava e a olhava desde quando eram crianças, resolveu aceitar, contanto que depois ela pudesse pagar por tudo aquilo.

A quarentena já não estava mais sendo aplicada na cidade e os guardas haviam sido retirados das ruas. De qualquer jeito, Raissa ainda não poderia ficar andando livremente por lá por causa dos “outros” caras e também por causa do vírus, que infelizmente não havia acabado.

 O Pai dela, não havia saído todos estes meses, só saindo para fazer a mudança e já não aguentava mais ficar preso naquelas paredes. Sempre foi um homem de enfrentar tudo e sedento por ver pessoas, resolveu que aquele dia seria o dia que iria sair. E naquele dia, 04 de agosto, contrariando as recomendações da filha, ele resolveu fazer uma visita para alguns amigos que ele conhecia que trabalhavam no porto.

Ela disse que sem ela, ele não iria, então, mesmo não gostando de aparecer, mas para fazer a vontade do pai, vestiu um véu, que ela não costumava usar, mas que naquele dia seria seu refúgio e saiu de braços dados como há muito tempo não faziam.

Conversaram sobre muitas coisas, sobre o tempo, sobre as pessoas, sobre as casas, sobre o trabalho, não tocando em nenhum assunto que pudesse trazer tristeza, nem sobre o vírus, nem sobre política, só sobre a vida e as coisas que ela trazia de bom. Quase chegando na entrada do porto, seu pai olhou bem no fundo dos seus olhos e disse:

- Joshua é um bom rapaz. Tenho certeza que sua mãe ia gostar muito dele. E tenho certeza também que o Sr. Ali aprovaria esse casamento, era só você parar com suas loucuras.

- Pai... Eu também gosto do Joshua, ele é um homem honrado, me respeita e te respeita e é muito bom para nós. Mas não me envolvo em loucuras por mero capricho, eu só não consigo aceitar as coisas as quais não acredito. E acho que tem que ser assim. Não sei ser diferente.

- Eu sei... E não disse que tem. Eu te criei assim. Eu só quero que você seja feliz. Eu te amo minha filha. E dando um beijo na testa dela, pediu para ela aguardar do lado de fora da entrada do Porto pois iria visitar velhos amigos e brincando disse:

-É melhor você ficar por aqui, você é muito bonita para os olhos deles. E seguiu caminhando.

- Pai. Ela o chamou e ele se virou. – Eu te amo, você é meu melhor amigo, obrigada por estar sempre ao meu lado.

- E sempre será assim. Ele respondeu e se virou em direção ao sol.

Raissa, ficou sentada em um banco do outro lado da rua, só admirando a paisagem e vendo as pessoas que iam e voltavam e presa em seus pensamentos nem prestou atenção quando alguém sentou-se ao seu lado. Era Liz, que trazida por Tom, queria muito conhecê-la pessoalmente e pensando em como ia começar a conversa ficou em silêncio por um tempo.

Lá nas docas, próximo ao local que o pai dela estava conversando com seus amigos, havia um container que há muito tempo estava lá e não era aberto, mas naquele dia, Johan e Charlie, tinham sido incumbidos de corrigir algumas coisas que haviam sido mudadas na linha do tempo e a resposta estava dentro daquele local.

Johan e Charlie, vestidos como policiais, utilizando maçaricos, pois o container estava lacrado, começaram a cortar as barras da porta. O que eles não sabiam é das grandes explosões que viriam a seguir.

A primeira explosão, um pouco menor, arremessou uma nuvem de fumaça para cima do fogo e criou luzes que se assemelhavam a fogos de artifício. Em seguida, ocorreu uma segunda explosão, mais potente, equivalente a um sismo de magnitude 3,3 Richter.

Era como se uma bomba atômica tivesse explodido ali, tudo foi arremessado pelos ares, Charlie e Johan, imediatamente desapareceram, já todos os outros que estavam próximos, infelizmente, não tiveram a mesma sorte, não tendo como escapar do inevitável encontro com a morte, que já o aguardavam.

Raissa e Liz foram surpreendidas por aquelas imensas explosões. Os vidros do prédio atrás delas, imediatamente explodiram, jorrando estilhaços para todos os lados e as varandas, romperam dos alicerces imediatamente, caindo em direção a elas, em fração de segundos, Tom que estava por perto, vendo que elas iriam se machucar gravemente, as agarrou e as levou para um lugar mais afastado e que parecia ser seguro.

Raissa, se espantou ao rever o seu salvador da Itália e reconhecer Liz, mas antes de perguntar como ele tinha feito aquilo e o que ela estava fazendo ali, começou a gritar e chorar desesperadamente:

- Meu pai !!! Meu pai está no porto !!! Que explosões foram aquelas? Meu pai está lá, preciso voltar, preciso salvá-lo.

- Calma Raissa. Eu não sei bem o que aconteceu, não sei se é possível e se é seguro voltar lá agora. Deixa que eu vou. E Tom desapareceu de lá, da mesma maneira que havia aparecido.

Raissa, estava em estado de choque, lágrimas, escorriam do seu rosto, mas o desespero se conteve em uma possível esperança em pensar que talvez seu pai estivesse bem. Liz, olhava para ela, não sabendo bem o que falar, pois achava improvável que seu pai ainda estivesse vivo, mas reconhecendo aquele olhar que ela mesma já teve, misto de tristeza, medo e esperança, resolveu esperar com ela em silêncio, notícias que Tom, havia ido buscar para elas.

Como elas estavam em cima de um prédio alto, podiam ver o estrago que as explosões tinham causado, era tanta destruição que Liz não conseguia ter a noção até onde ia. Sempre com celular no bolso e com uma boa câmera, ela começou a filmar o que estava acontecendo, eram muitas pessoas machucadas, prédios destruídos, vidraças inteiras estilhaçadas nas calçadas, ruas inteiras destruídas, carros esmagados pelos destroços. Sons de gritos, pessoas desesperadas, sons de ambulâncias, carros de polícia, bombeiros, a região do porto, pelo que conseguiam enxergar, pois a grande massa de poeira incomodava aos olhos e turvava as imagens, parecia irreconhecível. Raissa se esforçava para manter as esperanças, mas a espera por notícias a estava matando por dentro, o que a fazia manter-se em silêncio.

Liz, postava as fotos e escrevia o que estava acontecendo naquele momento em Beirute em seu blog, em respeito à Raissa, não quis gravar nenhuma notícia em vídeo, em seu canal do Youtube. O silêncio naquele momento era sinal de respeito e já havia o bastante de sons perturbadores ao redor delas. Ela deixaria essa parte para mais tarde. Ela entendia bem o que era sentir a dor da perda e ser explorada pela mídia, ela não queria que sua amiga passasse por isso.

Se o pai dela tinha escapado, seria um milagre. E milagres, apesar de nessa época, Liz já ter sido forçada a acreditar em coisas sobrenaturais por experiência própria, milagre mesmo, ela ainda não tinha visto nenhum.  

“ A sorte foi lançada”